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«Por Dentro das Imagens: O movimento do olhar e a vertigem do novo milénio», por Luís Mendonça
14-07-2017

Dias Branco, Sérgio. 2016. Por Dentro das Imagens – Obras de cinema. Ideias do cinema. Lisboa: Documenta. 160 pp.

 

Por Dentro das Imagens: Obras de Cinema, Ideias do Cinema não é um livro académico. Os textos reunidos, desde críticas para revistas a apresentações de filmes em sessões públicas, reportam-se a um período de descoberta na vida do autor, Sérgio Dias Branco (SDB). “Este livro arruma uma parte daquilo que foi a minha relação com o cinema através da escrita em determinado período da minha vida,” disse-me em entrevista para o site de cinema À pala de Walsh (Mendonça 2016, s/p). Não se trata, contudo, de uma obra que olhe para trás, mas que, bem pelo contrário, reflete sobre o que persiste de um olhar passado no presente. Em “A Política dos Autores, Pensar a Solidão,” o autor convoca Henri Langlois para definir o “olhar do crítico” como aquele que “prefigura o futuro,” ao passo que o “olhar do historiador” é caracterizado por uma “posição de recuo” (Dias Branco 2016, 109). Por Dentro das Imagens é um livro de crítico.

 

A estrutura do livro é anunciada no subtítulo: uma primeira parte que “inclui análises a obras de cinema, de filmes isolados a grupos de filmes de cineastas” (Dias Branco 2016, 17), de Il Postino (1994) e Ossos (1997) a Stanley Kubrick e Michelangelo Antonioni; uma segunda parte que “contém reflexões sobre ideias do cinema, não aquelas desenvolvidas pelos artistas, mas aquelas que emergem da história e prática do cinema e do pensamento que as tenta acompanhar” (id.), da história de um conceito problemático como é a “política dos autores” à “evocação do medo” no cinema de Hideo Nakata.

 

Se esta antologia de textos assenta em filmes e ideias marcantes para o autor num dado período da sua vida – que podemos situar entre finais dos anos 1990 e inícios do novo milénio –, uma escrita fluida e cuidada torna a obra coesa. Esta é a primeira característica assinalável deste Por Dentro das Imagens: o efeito imersivo de uma escrita que, como nota o autor, cultiva uma certa exigência, herdada das leituras e da experiência como aluno de SDB, mas que evidencia também uma forte consciência do leitor. Nesse sentido, dir-se-ia que esta é uma crítica inteligente no sentido que Jacques Rancière (2010, 57) dá à noção de inteligência: “A inteligência é potência de se fazer compreender, que passa pela verificação do outro.” O reconhecimento do leitor também se faz no reconhecimento da sua inteligência. A escrita deste livro permite criar uma plataforma comum construída na base de uma preciosa escolha de palavras.

 

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Texto integral, AQUI.

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