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Maria Velho da Costa

Nasceu no dia 26 de Junho de 1938, em Lisboa.

Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, frequentou o curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e de Psiquiatria. Foi presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1973-1978) e dirigiu a revista literária Loreto 13 (1978-1988).

Foi leitora do Departamento de Português e Brasileiro do King's College, Universidade de Londres (1980-1987). Foi Adjunta do secretário de Estado da Cultura (1979) e Adida Cultural em Cabo Verde (1988-1990). Entre os prémios que recebeu destacam-se: Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora (1997), pelo conjunto da sua obra; Prémio Camões (2002); Prémio Correntes de Escritas (2008) e Grande Prémio de Literatura dst (2010), ambos pelo romance Myra.

Em 1966 publica o seu primeiro livro de contos, O Lugar Comum, e em 1969 publica Maina Mendes, o primeiro romance, onde é desde logo manifesta a singularidade da sua escrita. Estabelecendo um diálogo com a tradição literária portuguesa por meio de alusões ou recorrendo a um jogo estilístico referencial, podemos simultaneamente identificar na obra um corajoso experimentalismo que lhe permitiu libertar a linguagem e ampliar as possibilidades formais e temáticas até então exploradas no romance português, em muito contribuindo para a renovação deste género literário. Sobre Maina Mendes, Eduardo Lourenço releva o «[…] mundo de frustração […], mundo de sufocação […], a genérica condição da mulher portuguesa […]», mostrando que a obra constitui «só por si um acontecimento na história real e textual da moderna consciência feminina, assinalando nela a passagem da mulher como «objecto» à sua conversão em «sujeito». Sujeito da história, da sua própria história e das «histórias» que consagram essa conquista do seu reino […] Nenhum dos nossos livros contemporâneos redistribui com tanto sucesso as experiências mais criadoras da prosa portuguesa, de Fernão Lopes a Guimarães Rosa, paisagens atravessadas e recriadas, a par de outras, com uma originalidade absoluta. Não é a sua visão, nem desorbitada como a de Herberto Helder, nem irrepressível e aleatória como a de Bessa-Luís. Exprime-se com contenção e reserva, em parágrafos tensos para melhor explodir a ira informe mas controlável que a habita como herança sua e da longa linhagem que do castro ibérico até ao interior morto da sala burguesa se metamorfoseou em história e natureza. […]».

Entre os temas ou símbolos transversais à obra de Maria Velho da Costa, e que apresenta, frequentemente, através de meticulosos jogos de linguagem, encontramos uma ligação profunda ao fértil mundo da infância, um incisivo retrato político-social, do conflito de valores fruto do confronto de classes, bem como a incontornável e agudíssima consciência da condição da mulher que soube, de forma extraordinária caracterizar e fixar, na pluralidade das suas manifestações, restaurando uma dignidade que não raro lhe era negada. A escritora ficará para sempre associada à polémica gerada pela publicação do livro Novas Cartas Portuguesas, que escreve com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, obra proibida pelo Estado Novo e que levou as autoras a tribunal no que ficou conhecido como o «processo das três Marias.»

Colabora, desde 1975, com vários cineastas, nomeadamente João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.

Em 1976 publica Cravo. A publicação de Casas Pardas, em 1977, reforça a consagração da escritora. É atribuído ao livro o Prémio Cidade de Lisboa. No mesmo ano e par do seu trabalho de investigação efectuado no Hospital Miguel Bombarda, publica Português; Trabalhador; Doente Mental. Seguem-se os livros: Da Rosa Fixa (1978), Corpo Verde (1979), Lucialima (1983) e O Mapa Cor-de-rosa (1984).

Em 1988 publica Missa in Albis. Numa entrevista de 2013, Maria Velho da Costa disse sobre este livro: «[…] o José Cardoso Pires, que eu respeito muito, e que leu mais do que o manuscrito do Missa in Albis, escrito quando vim de Londres, e o livro com o qual ainda hoje me identifico mais me diz que é muito bom, isso é importante.»

Seguidamente publica Das Áfricas — com José Afonso Furtado (1991), Dores — contos, com Teresa Dias Coelho (1994), Irene ou o Contrato Social (2000), O Livro do Meio, com Armando Silva Carvalho (2006).

Em 2008 publica Myra, com pinturas de Ilda David’. Sobre Myra, disse João Barrento em 2016: «Penso que o romance mais importante que foi escrito depois de 2000 foi Myra de Maria Velho da Costa, que continua a ser a nossa maior escritora viva. Não me parece que nada do que foi feito entretanto se possa comparar.»

Em 2012 publica O Amante do Crato, também com pinturas de Ilda David’. Nas palavras de Urbano Tavares Rodrigues, este «É um muito belo conjunto de contos, cada qual mais original do que os outros e onde a todo o passo se encontra a escrita desafiante, criadora, irónica e lírica de Maria Velho da Costa, o seu gosto pelo vocábulo raro, pela construção insólita, pela intenção verbal. O pequeno texto que dá o título ao volume é uma evocação do mágico e do diabólico da primeira infância, em que uma menina arisca é salva da mordedura de uma víbora por outra criança, o primo (o amante do Crato) que se interpõe, vindo a morrer assim por ela. […]».

Morreu no dia 23 de Maio de 2020, em Lisboa.

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