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Manuel Amado

Manuel António Sotto-Mayor da Silva Amado nasceu a 13 de Junho em Lisboa, quarto dos sete filhos do escritor e encenador Fernando Alberto da Silva Amado, natural de Lisboa, e de Margarida Abreu Sotto-Mayor, natural da ilha de São Miguel, Açores. Até aos 19 anos residiu numa grande casa do século XVIII, propriedade dos avós paternos e actual Museu de Lisboa. Passava as férias de Verão na praia de São Martinho do Porto.

Estudou no Colégio Moderno de 1944 até 1956, onde foi actor nos espectáculos de teatro promovidos pelo Colégio e dirigidos pelo actor Manuel Lereno, e no teatro da Mocidade Portuguesa (estrutura implementada pelo Estado Novo para «formação» e doutrinação da juventude), dirigido por António Manuel Couto Viana. Depois de receber de oferta uma caixa de tintas e um cavalete aos 14 anos, fora desenhando e pintando de forma autodidacta. Durante o último ano do liceu praticou desenho a carvão para poder concorrer ao curso superior de Arquitectura. Continuará a ser actor de teatro até cerca dos 20 anos, trabalhando também sob a direcção do seu pai no Teatro Universitário de Lisboa. Fez também, desde cedo, cenários para peças de teatro.

Em 1957 iniciou o curso de Arquitectura e pintou diversos retratos de amigos. Em 1959 trabalhou num atelier de arquitectura e no Verão foi um mês para Paris, onde grande parte do tempo foi passado na Cinemateca, registando depois os nomes dos filmes que via. O curso de Arquitectura será feito com interrupções, pois fora chamado a fazer o serviço militar em 1960 e, com o início da guerra colonial em 1961, foi logo de seguida como oficial miliciano para Angola, de onde regressaria em 1963. É em Angola que conhece Cruzeiro Seixas. Antes de partir, casara com Maria Teresa Rosa Viegas (que depois adopta o apelido Amado). Em 1964 nasceu o seu primeiro filho, Rodrigo, e um ano depois, a filha Rita. Em 1966 terminou o curso de Arquitectura enquanto trabalhava no Gabinete de Obras dos Edifícios Hospitalares Militares. em Junho de 1968 nasceu a sua filha Joana.

Em 1971 viajou com Teresa e o seu amigo Cruzeiro Seixas ao norte e centro de itália passando pela Catalunha e o sul de França, para ver pintura e arquitectura. Depois do 25 de abril de 1974, projectou a Loja 6, em Lisboa, um espaço dirigido por Teresa Amado dedicado à divulgação e venda de produtos de design.

Ao longo desses anos dedicou-se à pintura de forma intermitente, nas horas vagas. Em 1975 e 1976 participou em exposições colectivas na Sociedade Nacional de Belas-Artes e também numa colectiva organizada por Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas, na Galeria Ottolini, em Lisboa. Fez o cenário para a peça de Peter Weiss Como o Senhor Mockinpott se libertou dos seus tormentos, levada à cena pelo Grupo 4, no Instituto Alemão em Lisboa.

Em 1978, a convite de Cruzeiro Seixas, que então dirigia a Galeria da Junta de Turismo da Costa do Sol no Estoril, fez a sua primeira exposição individual, mas as obras expostas não se destinavam a ser vendidas. No ano seguinte, projectou uma casa para a sua família no sopé da serra de São luís, no Parque Natural da Arrábida, que viria a ser tema de muitas das suas pinturas.

Em 1981 mudou para um novo emprego onde o horário de trabalho lhe permitia dedicar mais tempo à pintura. Em 1982 vendeu o seu primeiro quadro, a Mário Soares. A partir de 1983 começou a expor regularmente na Galeria de São Mamede em Lisboa, na Nasoni no Porto, e noutros locais. Em 1984 voltou ao palco para contracenar com a artista e amiga Lourdes Castro na peça de teatro de Almada Negreiros Antes de Começar, em quatro espectáculos realizados no Centro de arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1986 expôs na Galeria de São Mamede a série Comboios, Estações e Apeadeiros. Este conjunto foi adquirido pelo Banco Comercial Português, que o mostrou de seguida na sua sede em Lisboa, aquando da inauguração, e nos anos seguintes por todo o país nas sedes distritais. Em 1987 esta série viajou a Washington, onde foi exposta na Smithsonian institution — Wilson Center. Simultaneamente, Manuel Amado fez uma exposição de pinturas na Patricia Carega Gallery, na mesma cidade. Durante esta viagem aos EUA viu pela primeira vez quadros de Edward Hopper que lhe causaram uma forte impressão.

A partir do Verão de 1987 passou a dedicar-se exclusivamente à pintura. Nos anos 1990 exporá novamente nos EUA, em Londres, Paris, Madrid, Pequim, além de fazer exposições regulares em Portugal. Fez o cenário para a peça irlandesa Playboy of the Western World de J.M. Synge, levada à cena pelo Grupo de Teatro da Malaposta. A convite da Casa Fernando Pessoa, pintou o tríptico O Quarto de Fernando Pessoa, que foi exposto em 1994 em simultâneo com a série A Casa sobre o Mar, para a qual Pedro Tamen escreveu um poema. A convite da Fundação Arte y Tecnologia da telefónica de Madrid realizou a primeira exposição antológica — Pintura 1971-1994— no Museu da Telefónica, em Madrid. Em 1998, a convite da Câmara Municipal de Lisboa e da Fundação Millennium bcp, realizou no Palácio Galveias, em Lisboa, uma grande exposição com temática de Lisboa. 1999 foi o ano do centenário do nascimento do pai e Manuel Amado colaborou em várias manifestações culturais comemorativas da efeméride, entre elas a da execução da capa para o livro À Boca de Cena — Fernando Amado, edição & etc.

Em 2000 pintou a série A Grande Cheia, que expôs na Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, no início de 2001. No livro bilingue Jogo de Reflexos — Poesia e Pintura — Nuno Júdice e Manuel Amado, publicado em França, Nuno Júdice dialoga em poesia com os quadros dessa série. Em Maio, a convite de José-Augusto França, realizou na Galeria Municipal, em Tomar, a exposição Grupos. No dia 31 de Dezembro de 2001 nasceram os netos trigémeos, Manuel, António e Ana.  

Em 2004 teve nova exposição antológica na SNBA: Manuel Amado PINTURA 1992/2004. A série O espectáculo vai começar… foi objecto de uma grande exposição no Palácio Nacional da Ajuda em 2007. Em Novembro desse ano nasceu a sua neta Maria. Em 2009 colaborou na cenografia da peça Menina Júlia de August Strindberg, com encenação de Rui Mendes, no Teatro Nacional D. Maria ii, em Lisboa. Em Agosto nasceu a sua neta Laura. Voltou ao teatro em pintura com a série Encenações, exposta em 2011 em Lisboa, na SNBA. Em 2016, Paula Rego escolheu um conjunto de obras suas para uma exposição na Casa das Histórias, em Cascais.

As casas que habitou, o cinema, a praia e o mar, os espaços transitórios e o teatro são a matéria de que é feita a sua pintura. Morreu em lisboa no dia 14 de Outubro de 2019.

 

A sua obra encontra-se representada em várias colecções públicas e privadas, nomeadamente Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação das Descobertas (Centro Cultural de Belém), Fundação Millennium bcp, Fundação Oriente, Fundação EDP, Fundação Portugal Telecom, Fundação Cupertino de Miranda, Fundação D. Luís I, Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Culturgest, Museu da Cidade (Lisboa), Casa-Museu Fernando Pessoa, Museu de Tomar (doação José-Augusto França), Museu do Convento de Jesus (Setúbal), Museu da Tapeçaria de Portalegre e Museu Colecção Berardo. No estrangeiro: Fundação Jacqueline Vodoz e Bruno Danese (Milão, Itália), Fundação Antonio Pérez — Museu de Arte Contemporânea (Cuenca, Espanha).

 

© Fotografia de Angel Ordiales, s/d.

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