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Emmanuel Bove

Emmanuel Bove morreu em Julho de 1945, aos quarenta e sete anos de idade; e com razões clínicas — «caquexia e falência cardíaca, consequências de uma série de ataques palustres super-agudos» — que podem causar-nos surpresa quando as lemos sem mais explicações na sua certidão de óbito. Mas existia para esta malária um desleixado convívio com os mosquitos da Argélia; o seu, vivido durante dois anos nessa terra de influência nazi menos directa, a alimentar-se com sonhos de fuga para a Inglaterra do general De Gaulle, aquela onde a «sua» força armada coleccionava uns quantos franceses exilados na ilha britânica. São deste tempo e do lazer desta ansiosa espera os seus últimos romances: A Armadilha, Départ dans la nuit, e Non-lieu.

[…] A guerra mobilizou-o em 1940 como trabalhador militar integrado numa fundição de Cher. Foi desmobilizado em Julho — por si próprio, com um certificado em que a sua própria assinatura o desmobiliza, como será explicado pela personagem (até certo ponto autobiográfica) de A Armadilha. O sonho de Londres tinha-o levado até Argel mas o paludismo devolveu-o à França de Outubro de 1944, a França libertada, a de uma recuperada situação política que já permitia a publicação de A Armadilha, o seu melhor romance, posto à venda em Abril de 1945, na véspera do seu aniversário, dois meses antes da sua morte.

Bove já não pôde ter conhecimento de todo um entusiasmo que repetia outro, velho de vinte e um anos, suscitado pela novidade de Mes Amis, nem o artigo de Les Lettres Françaises em 26 de Maio de 1945, que dizia pela mão de Louis Parrot: «Uma arte tão contida e, podemos dizê-lo, tão cheia de desconfiança, desde há muito faz deste escritor uma das mais discretas e sensíveis testemunhas do nosso tempo. […] No livro que Emmanuel Bove agora publica, A Armadilha, é que as suas qualidades de romancista “realista” são postas em evidência com maior mestria. […] Quando se termina a leitura deste livro ofegante, que se lê de um trago sem sentirmos o mais leve cansaço e com últimos capítulos animados por uma força dramática intensa […], extraídos do nosso mundo quotidiano, a este mundo cruel que nos rodeia, não nos cansamos a todo o momento de ficar maravilhados.» 

[Aníbal Fernandes, «Apresentação» de A Armadilha]

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