O duelo na sua mais estranha
e mítica dimensão.
[…] este Duelo permanece como uma das mais logradas expressões literárias da contingência da vida perante os códigos de honra a que ela, por enobrecidos absurdos de uma civilização, aceitou sujeitar-se. Nos dezasseis anos percorridos pelos seus quatro capítulos, dois militares constroem um destino de violência sem razão; nos seus intervalos de paz batem-se periodicamente em duelo, encontrando no prestígio mítico de Napoleão e num exacerbado sentido de honra a magia capaz de ressuscitar essa outra, dos momentos de guerra, que os levava à embriaguez convulsiva de morte em fumo e fogo nas cargas contra o inimigo. O desvanecimento desta energia nas tranquilidades da reforma profissional e as branduras do conforto burguês surge-lhes como um melancólico declínio. [Aníbal Fernandes]