Abel […] depara com alguém que tem forma humana, uma jovem de grande beleza que convive com a natureza, conhece as árvores e as ervas, é amiga das aves, das borboletas e dos insectos, dos animais, tanto dos que rastejam como dos que trepam pelas árvores ou andam a trote pelas campinas. O amor surge, não se sabe de onde, visita Abel e Rima — é este o nome da rapariga da floresta — e ambos se apaixonam. Abel descobre que a felicidade é possível de alcançar se porventura ele for capaz de viver em paz com a Natureza, respeitá-la e admirá-la e não a maltratar. E o lugar da felicidade será a sua verde morada.
Tal como Rima e tal como Abel, W.H. Hudson amava a Natureza e a Vida, embora esta nem sempre lhe tenha corrido como desejaria […]. Mas estou certo de que ao erguer-se, num local como Hyde Park, uma estátua de Rima, provavelmente a personagem mais amada por William Henry Hudson entre todas as que criou, ter-se-á prestado ao escritor […] não só a homenagem que merecia, mas ainda a que melhor se enquadra na mensagem que nos deixa, e que é um convite e um desafio para amar e proteger a Natureza e a Vida.
[José Domingos Morais]