Silvina Ocampo (Dias da Noite): «Às vezes uma pessoa adormece cinco minutos e é como se tivesse dormido a noite inteira. Adormeci ao fim da tarde, acordei com a luz do pôr-do-sol. Teria dormido cinco minutos? Mas tenho uma prova contundente de que não foi esse o caso: a trepadeira teve tempo suficiente para me entrelaçar a sua trama à volta da perna esquerda e de me subir até à coxa».
Este livro foi publicado por ocasião da exposição A Noite de Todos os Dias, de Maria Capelo, com curadoria de António Gonçalves, realizada na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, de 8 de Junho a 4 de Outubro de 2024.
A concentração levava-me a distrair-me, o que eu também aceitava, pois me proporcionava estar, simultaneamente, aqui e noutra parte, permitia-me um certo relaxamento…
[Witold Gombrowicz, Cosmos]
[…] tive este sonho: um quarto de dormir imenso como um palco de teatro, um tecto abobadado pintado como um céu, tudo isto decrépito mas luxuoso, uma cama antiga de cortinas rasgadas e cupidos, pintados ou reais, já não sei; um jardim muito parecido com aquele por onde passeara na véspera; estava cercado de arame farpado e as minhas mãos tinham o poder de fazer com que crescessem plantas entre os fios de arame e os rodeassem e, recobrindo-os, os escondessem.
[Leonora Carrington, Em Baixo]
Com a Ala da Frente (Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão).