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H. de Luna
Toledo, 1575 – Londres, depois de 1644. Investigadores recentes forçaram-no a alguma biografia: descobriram-no numa família de judeus convertidos e materialmente folgados que vivia em Toledo, e jovem frade na Ordem de Santo Agostinho. Podemos imaginá-lo rebelde, porque mais ou menos quinze anos de convento levaram-no à decisão drástica de se meter em roupas civis e procurar o caminho de uma França onde o protestantismo florescia (ao contrário do que lhe destinava aquela Espanha severamente católica e inquisitorial), onde respirava ainda livre das ameaças e das punições do cardeal Richelieu. Num barco do Mediterrâneo, Luna pôs-se longe dos Filipes e da Inquisição; tinha trinta e sete anos de idade, era talvez aventureiro mas seguramente um desiludido pelo catolicismo de Roma. Juan de Luna mudava-se para Montauban (futura terra natal de Ingres), nessa época importante centro de religiosos sem obediência ao Vaticano; e saía de Espanha com o sonho, dizia ele, «de poder professar publicamente a verdadeira religião», ou seja, a religião católica reformada e de atitude protestante. […] estudou durante três anos na Faculdade de Teologia protestante de Montauban e limitou-se, quando foi para Paris, a exibir o título de «intérprete da língua espanhola» e a suportar na sua vida prática as consequências de tão mal reconhecida pretensão. Sabe-se que em 1617 Juan de Luna estava casado e não dissuadido pela religião activa de ser escritor; que tinha publicado e ia publicar livros com títulos extensíssimos […] Mas do Juan de Luna ficcionista apenas ficou a conhecer-se a Segunda Parte do Lazarilho de Tormes […]. [Aníbal Fernandes]
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