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Gilbert de Voisins

Foram muitos os Gilbert de Voisins, e com bom assento entre os nobres da França. Um deles, marquês de Villennes, foi guilhotinado num dos ajustes de contas da Revolução. Pelo casamento entrou na família Marie Taglioni, primeira a dançar La Sylphide (bailado anterior a Les Sylphides — o bem conhecido — que passeia por valsas de Chopin). Era filha de Filippo Taglioni, professor na Ópera de Paris que a impôs como primeira bailarina, apesar da sua falta de graciosidade, apesar da torção vertebral que tirava elegância à sua exibição «em pontas». Marie Taglioni, já desviada do esforço que às suas pernas magras os grands écarts exigiam, foi avó deste Gilbert de Voisins, o que teve como nome próprio um equívoco Marie Augustus. (Marie? A virgem cristã enfeitou piedosamente o nome de muitos De Voisins.) No entanto, quando se mostrou escritor publicado riscou-o da capa dos seus livros; e também dispensou o Augustus, para se apresentar resumido ao sobrenome ilustre, o que desde há muitas gerações se multiplicava com prestígio entre os membros da sua família — Gilbert de Voisins.

Nascido em 1877, marcado pelos requintes de uma educação pensada para ricos e nobres, frequentou ainda assim um liceu de Marselha; e não lhe faltou o cosmopolitismo de muitas viagens que a sua fortuna pessoal permitia, por vezes com o exotismo que um gosto dominante na época incitava. Por morte do pai, com vinte anos de idade foi conde. O jovem conde deixou Marselha e instalou-se em Paris, que lhe deu intimidades de prestígio como a de Claude Debussy e a de Pierre Louÿs; que lhe permitiu três anos depois ser escritor publicado: a mostrar-se poeta, ensaísta, mas sobretudo romancista.

[…]

Em 1926, o Grande Prémio de Literatura da Academia Francesa pelo conjunto da sua obra só consegue dar-lhe sabores amargos; e como as memórias literárias e sentimentais da casa na rua De Lisbonne se fazem insuportáveis, muda-se em 1931 para a rua De Messine, onde morrerá a 8 de Dezembro de 1939.

Com ele se extingue, em plena República Francesa, a aristocrática linhagem dos condes Gilbert de Voisins.

[Aníbal Fernandes, in «Apresentação» de O Bar dos Dois Caminhos]

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