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Vita Sackville-West
Vita contraía Victory e eliminava um Mary antes do Sackville-West. Tinha nascido em 1892 no condado de Kent, numa velha mansão a que chamavam Knole House, com um pai barão e parentescos paternos que a ligavam a nomes bem sonantes. Mas havia na sua ascendência directa aquele avô com um desacato amoroso murmurado atrás dos leques de ladies e marquesas; aquele avô, terceiro barão Sackville, não só loucamente apaixonado por uma andaluza Pepita que fazia soar castanholas nas suas danças, mas com a audácia de cinco filhos extraconjugais onde era consumada uma mistura de serenidade aristocrática e ardor cigano. Victoria, a sua filha mais velha dotada de uma estranha sedução que temperava a compostura britânica com as desenvolturas da sensualidade boémia, teve propostas de casamento feitas por personalidades célebres, como Rudyard Kipling, Auguste Rodin e Henry Ford. Mas preferiu o seu primo Lionel, que não a retirava daquela família de barões. Vita, a sua filha única, destinou-se a uma vida com privilégios materiais; a uma escola particular, a de Miss Wolfe, que não a misturava com a plebe e lhe dava bases para chegar àquela cultura desenvolta, rara numa mulher da sua época. Vita mostrou desde muito nova uma complexidade emocional que levantava, aos que lidavam de perto com ela, dificuldades de relacionamento. Era susceptível, era caprichosa, fazia e desfazia relações, além de não querer ocultar uma acentuada tendência lésbica pouco apreciada pelos rigores moralistas que o vitorianismo inglês hipocritamente cultivava. […] Vita Sackville-West escritora teve seu longo poema The Land premiado em 1927 com o Hawthorndhen; e foi em 1946 condecorada pela Ordem dos Companheiros de Honra por serviços prestados à literatura inglesa. Mas um cancro abdominal, lento e corrosivo, fê-la morrer em 1962. [Aníbal Fernandes, in Apresentação, A Morte do Grande Senhor] ARTIGOS RELACIONADOS
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