|
|
O FOGO-FÁTUO
06-09-2016
[...] Cansado da subjectividade, Alain [protagonista da novela] procura a objectividade do suicídio, o suicídio enquanto objecto, sólido e de aço, como um revólver. Embora "O Fogo-Fátuo" seja uma microbiografia de Rigaut, é também a autobiografia de um mal do século:a destruição como fatalidade, mais do que força ou fraqueza. Politicamente, a subjectividade pode objectificar-se num acontecimento ou numa catástrofe, como a guerra. Do ponto de vista individual há menos saídas. Uma delas é o suicídio, solução a que Drieu também não escapou. O suicídio como acção dos que já não conseguem acção nenhuma. Ou, como se escreve nesta dolorosíssima novela: "Roma é o ponto de partida de todos os caminhos que vão dar a Roma."
Pedro Mexia, «Vontade sem triunfo», Expresso, Setembro 2016. |
|
|