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A LIBERDADE OU O AMOR
18-10-2016

«No amor ainda acredito no maravilhoso», confessa o narrador deste autêntico poema em prosa, narrativa fantástica, desafio estético ao moralismo... em suma, demonstração da vitalidade da prosa surrealista em 1924.

O título do livro evoca o grito «Liberdade ou Morte». Corsário Soluço e Luísa Onda são seres simbólicos, protagonistas de embates eróticos e deambulações em cenários oníricos.

São a forma que Robert Desnos (1900-1945) encontrou para falar da sua época (os ícones publicitários Bebé Cadum e Bibendum Michelin assumem surpreendente relevância), desafiar os limites do pudor (brilhante, o capítulo sobre O Clube dos Bebedores de Esperma); povoar a narrativa com figuras basilares da História de França (Napoleão, Joana D'Arc, Luís XVI), exercer o poder que a autoria permite, quando «o espírito das circunstâncias volta a vestir a sua farda de cantoneiro».

A escrita é de uma elegância desarmante, quer a nível de construção, quer pela constante capacidade de suplantar a semântica. Mais poderosa que a inexorável marcha do tempo, defende-se a pureza do desígnio e do arbítrio. Amor puro, incondicional, redentor: «a reprodução é parte integrante da espécie, mas o amor é parte integrante do indivíduo».

Saliente-se a magnífica introdução de Aníbal Fernandes (igualmente o tradutor) que, além da contextualização deste trabalho em toda a linha pessoal e criativa do autor, nos deixa em polvorosa para saber mais sobre ele, afastado da cúpula mediática na História do Surrealismo.

Porquê? «Foi adoptado, elogiado, e querido por Breton; foi repudiado, censurado e expulso por Breton».

 

João Morales, in Time Out, 4-11 Outubro 2016

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