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«Curt Meyer-Clason: o nosso cometa cultural», por Rodrigues Vaz
05-01-2021
«Embora a 5 mil quilómetros de distância, em Luanda, devido à minha profissão de jornalista, tinha acesso a toda a imprensa que se publicava em Portugal, pelo que tenho ainda na lembrança que, no princípio dos anos 70, as manifestações culturais na capital portuguesa apresentavam uma constância recorrente algo estranha: tinham origem, cada vez com mais frequência, no Goethe-Institut de Lisboa. Não havia volta a dar: eram exposições, eram concertos, eram palestras, eram colóquios, eram encenações teatrais, enfim, eram todo um sem número de manifestações a que acorria um público cada vez maior e mais interessado. O causador destas coisas estranhas no ambiente penumbroso e estático que era a Lisboa daquela época, tinha um nome: chamava-se Curt Meiyer-Clason (1910-2012) e sobre a sua estada em Portugal à frente do Goethe-Institut, em que reflecte sobre a sua acção, deixou disto testemunho no livro Diários Portugueses, que a editora Documenta publicou em 2013. Curt Meyer-Clason não precisa de apresentação. A sua acção cultural, no sentido mais amplo do termo, como o nosso cometa cultural, durante os sete anos em que dirigiu o Instituto Alemão de Lisboa, constitui credencial suficiente para quem, nesta cidade e neste país, estava minimamente atento ao que se passava à sua volta. […] Ele foi o nosso cometa cultural. […]»
[excerto de intervenção lida em 2 de Dezembro de 2020, no Restaurante O Pote, em Lisboa, no âmbito dos almoços da Tertúlia À Margem] |
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