É gritante o silêncio em torno de um filósofo como Sousa Dias, cujos ensaios são da melhor qualidade do que se faz em Portugal. Em Anti-doxa, a filosofia na era da comunicação, publicado pela Documenta editora, o autor coligiu uma série de textos sobre os tópicos que mais o interessam, um pouco à margem dos modismos. Se o primeiro ensaio diz respeito à crítica dos tempos líquidos e dominados pela doxa — não por acaso o título é «Sócrates e os sofistas, versão contemporânea» -, Sousa Dias escreve desassombradamente sobre autores como Husserl, Heidegger, René Thom e a teoria das catástrofes, Michel Serres, Renée Schérer, Álvaro Lapa, entre outros. Num estilo inconfundível, aborda a sociedade da comunicação no primeiro texto, escalpelizando o modo como a tirania das tecnologias da informação e da comunicação se impôs à linguagem e a todos os domínios da vida moderna. É na lógica de um capitalismo pós-industrial que estas tecnologias se inscrevem cada vez mais nas nossas vidas e contribuem para a velocidade vertiginosa da informação. […]

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