Quem eram estes dois diplomatas que, um no Rio, o outro em Paris, acreditavam no progresso através da educação e sonhavam com um mundo moderno?
Em 26 de Março de 1816, Joaquim Lebreton (1760-1819), secretário perpétuo da Classe de Belas Artes do Institut de France, desembarcava no Rio de Janeiro com um grupo de artistas e artífices, suas famílias e empregados. Este conjunto viria a transformar-se, para a historiografia tradicional brasileira, no mito quase civilizatório de uma missão artística francesa que acudia às ordens do Príncipe Regente, influenciado por aquele que era então o seu mais importante ministro: António de Araújo de Azevedo (1754-1817), Conde da Barca.
Ora, não terá sido bem isso…
O responsável pelas negociações que levariam à partida do grupo foi um diplomata português pouco mencionado nesta história, o chevalier Francisco José Maria de Brito (1760-1825). Prestou-lhes apoio financeiro do próprio bolso apoiando-se apenas na certeza do seu bom acolhimento, no Brasil, por seu velho amigo António de Araújo de Azevedo. Em sua correspondência privada, apelidava-os apenas de caravana de artistas e confessava enviá-los como uma offrenda – uma prenda, sua contribuição para a construção de um novo Império liderado, lado a lado, pelos reinos de Portugal e Brasil. Quem eram estes dois diplomatas que, um no Rio, o outro em Paris, acreditavam no progresso através da educação e sonhavam com um mundo moderno? Em que medida os relacionamentos que estabeleceram durante a vida, inclusive com diversos intelectuais da sua época, poderiam determinar o destino das artes no Brasil?