Que sentido ainda para a «secularização»? É a «secularização» uma categoria de leitura caduca? Ainda tem futuro? Que futuro?
No sentido geral que este termo adquiriu — quer no seu uso metafórico enquanto instrumento de uma política das ideias, quer na função estratégica que desempenha na história e na cultura modernas — pode dizer-se que a noção de «secularização » é uma categoria hermenêutica que procura traduzir o processo global de emancipação — filosófica, ética, política, jurídica, económica, social — da Modernidade de qualquer tutela religiosa e transcendente, reivindicando o direito de organizar a vida civil dentro dos limites da simples razão.
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Ao contrário dos muitos manifestos sobre o sentido da terra e da recusa em organizar a vida política e social a partir de qualquer sagrado, vemos que o sonho das Luzes não apenas não se cumpriu, como se obscureceu significativamente. Daí uma pergunta — entre tantas outras possíveis — que o presente livro se propõe formular, e à qual, se possível, deve procurar responder: Que sentido ainda para a «secularização»? É a «secularização» uma categoria de leitura caduca? Ainda tem futuro? Que futuro?
[António Bento, José Maria Silva Rosa, José António Domingues]