A posteridade de Jorge de Sena está nas mãos de cada um de nós. É responsabilidade de todos e de cada um. A posteridade de um autor é uma questão literária, mas é também uma questão política, de cidadania.
É a partir da última morada de Jorge de Sena que este livro procura abrir vistas sobre os seus longos anos de exílio, com relevo para o período norte-americano. Um exílio feito de múltiplos exílios: exílio político; exílio existencial e interior, físico e metafísico; exílio ansioso de um tempo alhures de amor, justiça e liberdade. Um exílio testemunhado, e transfigurado na demanda espiritual de uma peregrinação de mundo, o que levanta questões teológicas e escatológicas, associadas ao erotismo, princípio criador da obra de Jorge de Sena.
[Jorge Fazenda Lourenço]
Não tendo embora conhecido Jorge de Sena, acabou por manter com ele um trato próximo, íntimo. Quando é que se iniciou esta convivência? Como é que tudo começou?
Jorge de Sena era para mim um poeta de que já tinha ouvido falar. Até que, no final dos anos 70, saiu uma sucessão fabulosa de obras suas: Os Grão-Capitães, em 1976; a edição isolada de O Físico Prodigioso, a sequência Sobre Esta Praia…, e a reedição de Poesia-I, em 1977; as duas Dialécticas da Literatura, em 77 e 78; Antigas e Novas Andanças do Demónio, Poesia-II e Poesia-III, em 1978; e, finalmente, Sinais de Fogo, em 1979. Fiquei completamente varado pelo poeta; e digo poeta, porque em tudo o que ele escreveu é sempre legível o trabalho de um poeta. E em 1982 comecei a escrever sobre «o meu poeta». Precisava de extravasar toda aquela admiração.
[De uma entrevista a Teresa Carvalho, jornal i, 4/6/2018]
Outras obras do autor sobre Jorge de Sena: O Essencial sobre Jorge de Sena (1987; nova edição, 2019), Uma Bibliografia Cronológica de Jorge de Sena (1939-1994), com Frederick G. Williams e Mécia de Sena (1994), A Poesia de Jorge de Sena: Testemunho, Metamorfose, Peregrinação (1998; edição revista, 2021), O Brilho dos Sinais. Estudos sobre Jorge de Sena (2002), A Arte de Jorge de Sena: Uma Antologia (2004), Corpo Arquitectura Poema. Leituras Inter-Artes na Poesia de Jorge de Sena, com João Borges da Cunha (2011), Matéria Cúmplice. Para Jorge de Sena (2012).