Este ensaio reavalia a figura literária de António Botto como um fenómeno excepcional para a época, de um escritor que a partir do início dos anos 1920 corajosamente produz e coloca em circulação aberta (em revistas e livros acessíveis ao público leitor em geral) um discurso poético homoerótico sem precedentes no contexto não apenas português, mas também europeu e global.
O Mundo Gay de António Botto procura resgatar e dignificar a memória de Botto em face da sua reputação histórico-literária estabelecida como um «poeta menor», para muitos até «medíocre», acentuando o carácter extraordinário do seu trabalho cultural. Botto conseguiu elevar-se das origens sociais humildes e estabelecer-se como um protagonista importante no meio literário português graças à sua escrita profundamente original, cujo mérito artístico e social era reconhecido por muitos que o apoiavam no seu percurso — com destaque particular para Fernando Pessoa — e que merece ser afirmado também na época contemporânea.