O corpo duplo, o verdadeiro ou o seu reflexo.
O golden boy do surrealismo
e o seu mais amado suicida.
«Na nossa família suicidamo-nos muito.»
O Meu Corpo e Eu ficou como sua obra mais célebre. Jogo de alternâncias, ficção e realidade autobiográfica a inventarem um corpo duplo, seu e de uma imagem no espelho, a impossibilidade de qualquer deles ser o verdadeiro ou o seu reflexo. As limitações desta experiência escrita e idealista fizeram-no aspirar à solução prática do mesmo angustiado inquérito, para ele o comunismo – “comunicação universal dos corpos, das línguas, do corpo da língua e da língua do corpo” – e neste entusiasmo a impossível coabitação, a do Surrealismo e do Comunismo unidos na expressão universal de um promissor destino para a humanidade.
[Aníbal Fernandes]