A história da fotografia oscilou sempre entre o assumir do valor documental da imagem, enquanto indexicalidade pura, e a forma como diferentes épocas se pretenderam demarcar dela, a partir do dispositivo da Arte mas também do jogo e da experiência lúdica que a fotografia propicia desde o seu início. Devido ao seu carácter de representação «pobre» (Dominique Baqué 1996), mas, simultaneamente, face à incontornável vizinhança que estabelecia com a pintura, foi abordada simultaneamente como objecto industrial e como forma de arte. A sua história e ontologia oscilaram assim entre o formalismo oriundo da História da Arte e uma visão mais populista que, ao pretender abranger toda a transversalidade cultural da fotografia (todos os seus géneros) procurou também generalizar sobre a sua natureza artística.
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O que hoje se constata, com a investigação das últimas duas décadas e para a qual os ensaios deste livro pretendem contribuir, é que a História da Fotografia não é una, e por essa razão, fundamental à sua compreensão, nunca poderá ser UMA.
Este livro, saído de um colóquio realizado há já três anos, é o fruto dessa interrogação sobre a ontologia do médium numa era já qualificada por pós-fotografia, centrando-se na prática teórica de investigadores portugueses que têm trabalhado sobre arquivos institucionais, fotografia artística, edições fotográficas, produzindo ensaios que vêm, justamente, contribuir para uma visão dispersa, contraditória, fragmentada, da história da fotografia. [Margarida Medeiros, 2016]
Textos de António Fernando Cascais, Filipe Figueiredo, Luís Mendonça, Margarida Medeiros, Maria Augusta Babo, Maria Irene Aparício, Maria João Baltazar e Fátima Pombo, Miguel Mesquita Duarte, Nélio Conceição, Siegfried Kracauer, Susana Lourenço Marques, Susana S. Martins, Teresa Castro, Victor dos Reis, Victor Flores.