O ensaio de Rita Basílio é o livro que faltava, que era urgente escrever, sobre essa obra.
Este não é apenas um texto entre outros publicados e por publicar, pretéritos e futuros, sobre a obra poética de Manuel António Pina. O ensaio de Rita Basílio é o livro que faltava, que era urgente escrever, sobre essa obra […] Com um rigor analítico expressivo da paixão pelo objecto de análise, Rita Basílio restitui-nos em toda a sua complexidade a grandeza desta poesia ao mesmo tempo tão simples e sempre tão bela, desta voz «pós-pessoana» (Eduardo Lourenço) exterior às correntes e genealogias poéticas modernas. O presente ensaio, longe de se arrogar a última palavra sobre a poesia de Manuel António Pina, explicitamente pretende suscitar outras percepções, outras leituras teóricas dessa obra. Mas ele perfila-se desde já como a exigente fasquia com que tais leituras terão doravante de medir-se.
[Sousa Dias]
Parto da hipótese que me põe à prova: a de ler uma pedagogia do literário em Todas as Palavras de Manuel António Pina. O autor não se interessa pelas grandes teorias do saber, pelas grandes correntes literárias, pelos conceitos e técnicas maiores, interessam-lhe as relações que, nos e pelos textos, se estabelecem com a língua e com a memória, com a morte e com a infância, com o mundo e com o silêncio. É o menor (esclarecer-me-ei teoricamente com Deleuze) o domínio epistemológico da aprendizagem do literário que esta obra solicita.
[Rita Basílio]