Durante o primeiro período de confinamento e dias seguintes enviei a um conjunto restrito de amigos estes textos. São eles que me pedem agora que lhos faça chegar em conjunto.
Escrevo estes textos como colagens e como vertigens, puzzles incompletos e saltos em queda-livre — assim é também quando consigo escrever sobre os artistas em total liberdade e não de modo explicativo ou pedagógico. Escrever, assim, é a maneira que tenho para pensar sobre as coisas do mundo — neste caso foi uma maneira de enfrentar estes dias estranhos, de lhes encontrar as forças da vida sem lhes esconder as sombras da Morte.
[João Pinharanda]
A ideia de pensarmos no progresso, no futuro, mas continuando desesperadamente a olhar o passado, sintetiza muitos momentos do que vivemos, particularmente agora em que cada um desses momentos se assombra com a incerteza dum futuro catastrófico e nos leva a pensar que só um Anjo nos iluminará o caminho. Desejo que venha agora aquele vendaval do Paraíso que nos impeça de fechar as asas — mas só se conseguirmos ser Anjos.
[Pedro Calapez]
Desenhos de Pedro Calapez.