Uma história que me trespassou
como uma bala,
num momento de pânico
quando me senti sozinho nesta selva mágica.
Logo aos primeiros contactos com a realidade dos Mares do Sul, Robert Louis Stevenson pressentiu que ia escrever uma obra que os teria por cenário e se destacaria de todas as vozes até então surgidas na literatura com a mesma inspiração. Uma sua carta do final de 1889 refere-se a este projecto: Tenho agora na mente o desenho do meu livro. Se eu conseguir chegar até ao seu fim, poucas obras haverá no mundo com tão grande ambição. [Aníbal Fernandes]
«Falesá bem podia ser o Fiddler’s Green, se tal lugar existir, levando-nos a maior das razões a lamentar se isso não acontecer! Era bom pisar a erva, levantar os olhos para as montanhas verdes, ver os homens com as suas grinaldas verdes e as mulheres com as suas roupas de intensos vermelhos e azuis. Caminhámos ambos com prazer debaixo do sol forte e à sombra fresca; e todas as crianças do lugar corriam atrás de nós com cabeças rapadas e corpos morenos, soltando na nossa esteira uma espécie de gritos leves, parecidos com os de pequenos frangos.
— A propósito — disse Case — temos de arranjar-lhe uma mulher.
— Pois sim — disse eu. — Já nem disso me lembrava.»
[Robert Louis Stevenson, A Costa de Falesá]