Nigel Nicolson: «Lutou pelo direito de amar mulheres, com rejeição da convencional exclusividade que o casamento exige de as mulheres deverem amar apenas homens e os homens apenas mulheres. Estaria, por esta ideia, disposta a abdicar de tudo.»
As Casas Grandes (grandes no peso arquitectónico e no peso geracional) exercem um sufocante domínio sobre os seus habitantes. Estão cheias de almas que se agarram aos objectos, que se escondem nos recantos e perturbam as vidas dos que não fogem à sua força despótica. A Grange, onde morreu o grande senhor Noble Godavary, exerce todo o seu poder sobre Austen, sobre Stephen, sobre Rachel, sente-se com força para vencer as contradições e as hesitações de Gervase. No entanto, a estranha e «estrangeira» Paola, com uma Itália orgânica herdada da sua mãe, é nos Godavary a ameaça de uma imperturbável frieza e, para as forças da Grange, o adversário difícil de vencer. A Morte do Grande Senhor, o mais célebre romance curto de Sackville-West, conta em quatro dias decisivos o confronto desta família assombrada pela Grange, a batalha surda entre Paola e a Casa Grande que ela saberá conduzir até ao desastre final.
[…]
Vita Sackville-West escritora teve seu longo poema The Land premiado em 1927 com o Hawthorndhen; e foi em 1946 condecorada pela Ordem dos Companheiros de Honra por serviços prestados à literatura inglesa.
Mas um cancro abdominal, lento e corrosivo, fê-la morrer em 1962.
Onze anos mais tarde, em Portrait of a Marriage, o seu filho Nigel resumiu-a no que foi a primeira das suas liberdades: «Lutou pelo direito de amar mulheres, com rejeição da convencional exclusividade, que o casamento exige, de as mulheres deverem amar apenas homens e os homens apenas mulheres. Estaria, por esta ideia, disposta a abdicar de tudo.»
[Aníbal Fernandes]