Nuno Pacheco: «Sabem o que se passou em 2023? Sim? Não? Têm uma vaga ideia? Pois venham daí, que vamos mostrar-lhes.»
E foi a descrença que se impôs, havendo quem queira fazer dela adubo para as escolhas de março. Serão outros quadros, evidentemente. Nestes, ainda temos os de um recente rei inglês e os de um rufia americano, perigos verdadeiros com barbas e sem barbas, maquinetas que pairam sobre nós como ameaças, e os malabarismos do costume a transformarem a dor do mundo num sorriso que é também sinal de resistência e alerta. O melhor é recomeçar a visita, a partir daqui.
E já que recomeçamos, tratemo-los pelo nome. Não são quadros, são cartoons. Vemo-los em jornais, revistas, televisão, Internet, redes sociais. São uma das maiores expressões de liberdade no mundo de hoje, armas inestimáveis no combate a opressões, injustiças, ditaduras, violências de todo o tipo. Apropriando-se, habilidosamente, de traços reconhecíveis noutras artes e géneros (desenho, pintura, fotografia, reportagem, crítica, opinião), mostram numa só imagem aquilo que exigiria muitas palavras para explicar. E aqui reside muita da sua força e do seu encanto, alvos da ira dos que os entendem como ameaça, perseguindo (ou mesmo assassinando) os seus autores. É por isso que, ao longo dos anos, em tempos de paz ou de guerras, o cartoon é e continua a ser indispensável ao entendimento do que nos rodeia. A sua liberdade é a liberdade de todos nós.
[Nuno Pacheco]
Com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
Edição bilingue: português-inglês.