O esplendor do afecto como uma fulgurância que, mal se acende, se apaga.
Este livro foi publicado por ocasião da exposição «A Geometria do Tempo», realizada na Fundação Carmona e Costa, entre 21 de Março e 4 de Maio de 2007.
É um objecto misterioso. Aparentemente, um livro de imagens e de escrita. Aparentemente, fala-nos de uma história. Uma história de um corpo. De um corpo no tempo – ou de um tempo do corpo? Tudo se complica quando nos apercebemos de que o tempo que o livro conta envolve o próprio livro. Se é uma história do tempo e o livro pertence à história, então o livro está dentro dele mesmo com uma história que contém um livro que conta uma história… e assim indefinidamente. O livro enrola-se e enovela-se em si próprio, e o espectador é convidado a abri-lo. Como o mostra a própria instalação em que o livro, na última sala, se encontra envolvido pelas suas páginas, no espaço que a precede. Por isso e por outras razões é um livro misterioso. Um livro antigo, um papiro meio desfeito estabelecem logo um laço de continuidade com o nosso presente, quando os descobrimos. Este, porém, quando o olhamos ou o abrimos continua fechado sobre si mesmo, como uma ilha isolada no tempo. Liga-se connosco pelo exterior mais vasto, por cima do tempo; e vem tocar-nos no mais profundo e íntimo de nós, num interior impessoal, caótico e imemorial onde, em nós, nasce e passa o tempo. [José Gil]
Sentado na penumbra, o visitante da exposição «A Geometria do Tempo» […] manuseia um livro de artista, iluminado apenas por um feixe de luz. Ao abri-lo, abre as portas para um universo construído por imagens e escritas estranhas que o querem levar a um espaço fora do espaço e a um tempo fora do tempo. […] No silêncio da instalação, a sua natureza, simultaneamente íntima e sagrada, evoca um eco longínquo no mais profundo de si próprio. [Gisela Rosenthal]
Texto de Gisela Rosenthal.
Com a Fundação Carmona e Costa.