desenho para compreender o que é o desenho
Este livro foi produzido por ocasião da exposição «Sombras y Paradojas», de Jorge Martins, com curadoria de Óscar Alonso Molina, realizada no MEIAC, Badajoz, em Outubro e Novembro de 2018, com o apoio da Fundação Carmona e Costa.
Sombras e Paradoxos. O desenho de Jorge Martins é a primeira exposição individual de vulto que em Espanha se dedica a um dos nomes cimeiros da arte portuguesa do século passado. Aos setenta e oito anos, e ainda em plena actividade criadora, Jorge Martins (Lisboa, 1940) conseguiu tornar-se uma referência dentro do rico panorama criativo actual do país vizinho, tanto pela firmeza e independência do seu compromisso estético — em boa medida alheio ao vaivém das modas internacionais que década a década vai ditando o devir colectivo da criação — como pela singular posição que ocupa no mapa geracional. De facto, a atenção que o seu trabalho ultimamente suscita entre os jovens artistas é um importante elemento a ter em conta quando chega o momento de avaliar a pertinência de uma obra como a sua, onde uma impecável formalização se combina com uma procura contínua de novos processos e soluções no momento de delinear as imagens plásticas.
[Antonio Franco e Óscar Alonso Molina]
Ao longo da história, o desenho tem sido associado à capacidade de exprimir o que há de mais íntimo, as profundezas da psicologia do artista. Nele, supostamente, a sua «mão» autêntica revelava-se com toda a clareza e sem distorções, na medida em que o desenho exprime da forma mais imediata as imagens mentais internas que o criador retira de si próprio, lançando-as ao mundo, dando à luz por meio de formas plásticas concretas, susceptíveis logo a partir desse momento de serem vistas (por ele próprio, em primeiro lugar), comentadas, partilhadas, analisadas e postas em dúvida.
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Certa vez, Jorge Martins disse-me que «existem realidades cuja única verdade é a sua representação. » Ao ver os seus desenhos, não tenho qualquer dúvida disso… E que assim seja.
[Óscar Alonso Molina]
Edição trilingue: espanhol-português-inglês (traduções de José Gabriel Flores).
Com a Fundação Carmona e Costa e o MEIAC.