ESGOTADO
O presente livro é publicado por ocasião de «Ernesto de Sousa e a Arte Popular», exposição que reactiva as investigações de Ernesto de Sousa em torno da arte popular e da escultura portuguesa e que tem como pano de fundo a exposição «Barristas e Imaginários: quatro artistas populares do Norte», que o autor concebeu e apresentou na Galeria Divulgação, em Lisboa, em 1964, com obras de Rosa Ramalho, Mistério, Franklin Vilas Boas e Quintino Vilas Boas Neto. […] Estamos, assim, perante uma exposição sobre outra exposição. Faz coabitar fotografias e textos de Ernesto de Sousa com objectos dos artistas por ele estudados, procurando reactivar as múltiplas e fecundas relações e estratos de sentido que o inquieto investigador (ou operador estético, designação que mais tarde reivindicaria) produzia, a partir de métodos analíticos invulgarmente excêntricos para o contexto de então, dominado, no campo da história da arte, por leituras conservadoras e disciplinares. A arte popular ou, como Ernesto de Sousa preferia designar, «de expressão ingénua», foi alvo de um considerável interesse desde os últimos anos da década de 50, com diversos contactos e investigações, quer no campo da etnologia, quer da arquitectura, passando pelo interesse em artistas populares «descobertos» de forma mais ou menos ocasional por artistas como António Quadros (que foi o primeiro a reconhecer a idiossincrasia do trabalho de Rosa Ramalho) ou por diversos arquitectos. Vindo do neo-realismo, no qual pontifica Dom Roberto, filme que realizou em 1962, Ernesto de Sousa chega à arte popular através de um profícuo desvio pela arte primitiva africana, à qual, de resto, aproximará alguns objectos de Franklin, por exemplo.
[Nuno Faria]
Edição bilingue (português-inglês).
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