Com este volume, reeditamos uma polémica. Na sua leitura, vamo-nos informando, deleitando e rindo com o próprio «meio» artístico. O dissenso nas artes não só tem servido como estratégia de posicionamento mas também como marcador para períodos e movimentos. As muitas querelas que se vivem hoje são assim uma versão 2.0 de um certo passado. A vida, como a performance e a história, é um processo. Com meios e com fins e, esperemos, também e sempre com princípios. Nem que para isso se tenha de partir a loiça.
A reedição conjunta dos livros aqui presentes, «Coisas de Theatro» de Sousa Bastos e «Loisas de Theatro» de Santos Gonçalves, são disto um exemplo e por isso merecem toda a atenção enquanto fontes primárias para uma historiografia da sociedade portuguesa nos seus mais diferentes aspetos, dos costumes às artes performativas e ao pensamento gerado pelo eclodir de formas laborais teatrais.
Antecedida por uma contextualização rigorosa da investigadora e escritora Paula Gomes Magalhães, a quem agradecemos a autorização para publicação do capítulo «Escritos de teatro: práticas, saberes e recordações» do livro Sousa Bastos da sua autoria, encontramos na polémica dos dois autores uma proto-sinédoque do que descrevemos. E, pelo meio, vamo-nos deleitando e rindo com o próprio «meio» artístico. Editar estes dois livros, além de uma missão historiográfica em torno do património performativo, é um convite a uma viagem pelo passado e pelo presente (e uma certa ideia de futuro), tempos em que tanto nos aproximamos como nos distanciamos.
Porque a vida, como a performance e a história, é um processo. Com meios e com fins e, esperemos, também e sempre com princípios.
[André e. Teodósio]
Com o Teatro Praga (colecção «Sequência»).