No contexto da obra heterogénea de José de Guimarães, a pintura emerge como o principal continente, o território de onde tudo parte e aonde tudo chega.
Catálogo publicado por ocasião da exposição «José de Guimarães. Pintura – Suites monumentais e algumas variações», apresentada na Plataforma das Artes e da Criatividade / CIAJG, Guimarães, de 25 de Abril a 29 de Setembro de 2015.
No contexto da obra heterogénea de José de Guimarães, a pintura emerge como o principal continente, o território de onde tudo parte e aonde tudo chega. Trata-se de uma produção imensa, plural nos formatos e suportes, marcada pelas diversas incursões que o artista tem feito pelas mais distantes regiões do mundo. Uma produção porosa, aberta à experimentação, em que se pode discernir com nitidez as diferentes conquistas, as influências, os processos de maturação, a reinvenção formal, a proliferação dos materiais, a construção de um imaginário povoado de bestiários e marcado pela sucessão de diferentes alfabetos ideográficos. […]
A exposição dá particular destaque ao período angolano, um dos mais estimulantes de todo o percurso de JG, reunindo um conjunto de trabalhos produzidos entre 1967 e 1974 que remetem para uma prática expandida da pintura, em termos de suportes, técnicas e materiais, mas sobretudo pelo seu forte pendor experimental e crítico, operando, então, uma inédita e idiossincrática síntese entre a arte pop europeia e os signos que aprendia no seu contacto com a cultura africana. […]
Com mais uma exposição monotemática dedicada ao trabalho de José de Guimarães, o CIAJG prossegue uma das linhas da sua missão: revisitar, reler e reapresentar a obra de um autor central do panorama artístico em Portugal, a partir do significativo espólio reunido nas suas reservas.
[Nuno Faria]
Co-edição: A Oficina, CIPRL