«Apresento um corpo visto de dentro, feito da sua pulsão, do seu estímulo, dos seus impulsos, numa afiguração não objectiva, mas provocatória da sensibilidade.»
«Contemplação particular é o título atribuído ao políptico que apresento neste projecto, uma pintura de grande formato que se insere num núcleo de trabalhos resultantes do meu estudo e prática da pintura. Trabalhos desenvolvidos com base na leitura das Tentações de Santo Antão, entre outros que foram formando uma base de estudo do erótico, do religioso, do pensamento estético e filosófico onde o corpo e a sua sexualidade têm uma forte presença. O políptico foi impondo a necessidade de um espaço autónomo, um espaço que lhe fosse dedicado e para ele construído. Neste sentido, ocorreu-me a possibilidade de desafiar um arquitecto a projectar um edifício que albergasse a pintura, que fosse um espaço consagrado à contemplação da mesma, permitindo uma experiência de observação e de fruição, onde o público entre sem qualquer inibição, podendo vivenciar uma experiência contemplativa e de introspecção. […]
O projecto arquitectónico nasceu de uma necessidade imposta pela escala da pintura. O políptico foi adquirindo uma dimensão que me levou a pensar a sua forma de exposição. Senti que deveria ter um espaço próprio, um espaço que permitisse a sua contemplação, que não fosse o convencional espaço da galeria ou do museu, mas um espaço mais próximo dos espaços públicos que assistam a recolha e o silêncio daqueles que os frequentam.»
[António Gonçalves]
Pintura e concepção do projecto: António Gonçalves Arquitectura: Maria Souto de Moura Música: António Celso Ribeiro Vitória (com António Luís Silva no piano)
Obra em exposição no CCB, em Lisboa, de 8 de Abril a 25 de Junho de 2017.
Textos de Elísio Summavielle, Rosa Maria Martelo, António de Castro Caeiro, Luís Quintais, Maria Souto de Moura, António Celso Ribeiro Vitória.
Edição bilingue: português-inglês.