Os projectos presentes neste livro visam incluir novos parâmetros para alargar as possibilidades em arquitectura. No atelier procuramos aquilo que ainda não sabemos. O interesse de trabalhar dentro de uma equipa multidisciplinar demonstra-se como um padrão cultural que tem como objectivo contribuir para o conhecimento contemporâneo global.
Enquanto na universidade os estudantes de arquitectura estão expostos a uma variedade de tópicos que desenvolvem ao longo das suas vidas profissionais, no atelier incluimos mais parâmetros para explorar novas soluções arquitectónicas e desafiar convenções. A contemporaneidade de cada geração revela-se sobre exemplos subtis que valorizam a dimensão humana e espiritual.
Os projectos de Emissão de Carbono Zero não são futuristas. São, principalmente, conservadores, uma vez que interpretam as condições locais em conjunto com soluções que fazem uso da tecnologia actual. O passado e o presente misturam-se para oferecer o melhor de cada um. O equilíbrio entre o ambiente construído e a natureza está no coração da concepção arquitectónica. A compreensão da presença humana, nas sucessivas gerações, é a chave para imaginar um mundo melhor: materiais de construção amigos do ambiente, baixo consumo de energia e vida inspirada no movimento slow.
Com estes objectivos, os projectos activam os sentidos do corpo através da luz íntima e da temperatura exacta dos materiais, e os espaços tornam-se experiências intensas: aromas sensuais, texturas sensíveis e habitats que detêm o tesouro da vida humana. Projectar para a celebração da vida. É necessário tempo para encontrar a escala adequada e a medida certa. Tempo para ouvir as paredes e persistência para observar a luz ao longo do dia, conhecer as pessoas que vão utilizar os espaços edificados, perceber os seus hábitos e os seus sonhos.
Em cada projecto procuramos a excelência, que na maioria das vezes surge do trabalho apaixonado e da curiosidade. Pode ser impulsionada por metodologias de construção, estratégias sustentáveis, eficiência de baixo custo, materiais inteligentes ou por um magnífico desenho. Para além da excelência existe um ideal: valorizar a dimensão humanista. O critério principal baseia-se em desenhar melhor edifícios para as pessoas, onde o ser humano pode viver uma vida melhor em relação à economia de recursos, ao ambiente construído, à comunidade e às suas aspirações culturais.
[Pedro Ressano Garcia]