Nuno Sousa Vieira: «Não me lembro da primeira vez que olhei para o céu e muito provavelmente não me irei lembrar da última. Estarei, nesta altura, algures no intervalo entre ambas, procurando encontrar uma nova postura para inscrever uma outra tomada de vista.»
Nuno Sousa Vieira desenvolve o seu trabalho em torno da presença e da percepção do objecto artístico, ancorandose nas práticas do desenho, da escultura e da instalação. Numa lógica que inclui registo gráfico, objecto e espaço, o artista questiona a natureza e a leitura da obra para reflectir sobre os lugares da sua produção e legitimação. Debatendo a importância do estúdio, a noção de site-specific e a expressão do local de exposição, Sousa Vieira indaga modelos e formatos de trabalho, focando-se nos modos de funcionamento do sistema que os enquadra.
A importância do que motiva a produção e a relevância do contexto ou dos locais onde esta ocorre, se apreende e valida, informam uma reflexão sobre o modo como a obra surge, se activa e manifesta. Esta reflexão aparece frequentemente associada a uma dimensão performativa que é dada pela acção do artista, quando este manipula e altera os objectos e a exposição, mas também pela posição do espectador que a isso reage.
[Sérgio Fazenda Rodrigues]
Tenho vindo a aperceber-me de que para o meu trabalho «ver» é sempre extremamente importante. Interessa-me ir percebendo e entendendo as implicações do ver, ou melhor, ir tomando consciência das deformações inerentes ao acto de ver. Ver é uma acção que, por princípio, «desfigura». E se, por um lado, a nossa visão em perspectiva é prova cabal dessa circunstância, por outro esse acontecimento é corroborado pela física quântica, que comprova que as partículas de um objecto são estimuladas pelas ondas que os movimentos oculares produzem.
[Nuno Sousa Vieira]
Com o apoio da Fundação Carmona e Costa.
Edição bilingue: português-inglês.