Livro publicado por ocasião da exposição «Pedro Casqueiro – Desordem Vertical», com curadoria de António Gonçalves, realizada na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, de 4 de Março a 27 de Maio de 2017.
O que torna a obra de Pedro Casqueiro um exemplo excepcional de vitalidade é a sua capacidade de sabotar, desviar e subverter tudo o que seriam as expectativas habituais, os efeitos previsíveis, o espectáculo gratuito ou as seduções superficiais inerentes aos materiais com que trabalha. O processo de despistagem da vulgaridade é obtido através da procura sistemática do acontecimento mínimo — a inversão de uma regra de contiguidade cromática, uma linha oblíqua, uma sobreposição desfocada — mais susceptível de produzir a perplexidade máxima. Ou seja, a regra do equilíbrio mais difícil: aquele que se experimenta sensivelmente como irresistível e incorrigível desacerto, apaixonante contrabando do ritmo perfeito. [Alexandre Melo in Pedro Casqueiro, Assírio & Alvim, 2002]
Casqueiro afirma-se no panorama crítico e comercial português com uma pintura agitada por vagas de cor e texturas extremas, aberturas e espaços de fuga. Uma ou outra figura, um ou outro letrismo são irrupções raras mas sempre violentas, gritadas, tornadas axiais pelos jogos da composição e pelo significado verbal que acrescentam a cada trabalho. Somos lançados contra estes seus cenários sem delicadeza nem perdão. Mas a força que nos precipita não é destrutiva — resulta de uma energia de vida que tem a ver com a possibilidade de a cor romper as formas e determinar os espaços, de a matéria sustentar a cor e sugerir as formas. [João Pinharanda in Pedro Casqueiro, Assírio & Alvim, 2002]
Em colaboração com a Galeria Ala da Frente.