Este livro, que colige conversas em torno de Arte e Filosofia, procura tornar acessível o pensamento de quem faz filosofia, bem como de quem faz arte. O privilégio de se ter juntado gente tão díspar, bem como a felicidade dos registos, permitiram que as conversas, os frente-a-frente entre artistas e filósofos e as reflexões a partir destes materiais existam agora num objecto que quer viver para lá da memória do evento que os gerou. Foi esta a ideia! E assim uma ideia virou um livro que virou muitas ideias, porque a ideia é nossa.
Convidámos Béatrice Joyeux-Prunel, Boris Groys e Catarina Pombo Nabais para debater a questão «Pode mesmo a arte transformar o mundo?» e Luísa Semedo, Peter Trawny e Yves Michaud para enfrentar esta outra: «Como nos vamos entender com o mundo?». Juntos perseguimos duas perguntas com genealogia, a primeira a fazer ecoar o repto à transformação do mundo numa marcante tese de Marx sobre Feuerbach, e a outra a reverberar, ainda que de maneiras muito diferentes, a pergunta sobre como vivermos juntos que animou os cursos de Roland Barthes no Colégio de França, ainda nos anos 70 do século passado. Nas duas questões, o mundo foi o elemento comum, entre a filosofia e a arte, as possibilidades do entendimento e da transformação. Aberto o debate, a resposta às questões não se fará sem perguntas dirigidas às próprias questões — Pode sequer, por princípio, esperar-se que a arte transforme o mundo? E é o entendimento com o mundo uma questão com sentido? Como se as perguntas fossem realidades a observar desta e daquela perspectiva, com um recuo analítico, antes de serem abertas — e abertas serão — na exploração das respostas que possam conter.
[André Barata]
Com o Teatro Praga (colecção «Sequência»).