Prova(s) é uma palavra para ser lida em duplo sentido: de tiragem, de repetição mas também no sentido de prova jurídica, de evidência. Por seu turno, contacto deve ser entendido também em duplo sentido: imagens que se formam por contacto físico, pelo toque; mas ao mesmo tempo, o contacto que significa a busca do outro.
A presente exposição revela um extenso segmento do trabalho de José de Guimarães, mal conhecido e de grande relevância para o entendimento da obra do artista, que cobre um arco temporal de cinquenta anos: um conjunto muito diversificado de obras que dão corpo a uma incessante produção de imagens realizadas por transferência. Seja em torno de métodos tradicionais de gravura, seja de práticas menos convencionais, como o stencil, José de Guimarães desenvolveu desde o princípio dos anos 60 até aos dias de hoje uma incansável pesquisa que concilia experimentação material, rigor formal e um vocabulário de formas que permanentemente convoca a mestiçagem como conceito central da sua obra. O título da exposição – «Provas de Contacto» – é programático e operativo. Aqui, prova(s) é uma palavra para ser lida em duplo sentido: de tiragem, de repetição mas também no sentido de prova jurídica, de evidência. Por seu turno, contacto deve ser entendido também em duplo sentido: imagens que se formam por contacto físico, pelo toque; mas ao mesmo tempo, o contacto que significa a busca do outro.
[Nuno Faria]
Edição bilingue: português-inglês.