José Mattoso: «Uma vez vivido o sagrado, os fragmentos que o materializam não cessam mais de desafiar o desejo. Chamam-nos para mostrar aspectos novos da sua mensagem e convidam-nos a sentir a sua unidade.»
Esta obra foi publicada por ocasião da exposição «A Bíblia Medieval — do Românico ao Gótico (sécs. XII-XIII) — em diálogo com a pintura de Ilda David», organizada pela Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) e pelo Instituto de Estudos Medievais, com a curadoria de Luís Correia de Sousa e o apoio da Fundação EDP, e que decorreu na BNP, entre 16 de Fevereiro e 21 de Maio de 2016.
«Ao reunir numa exposição as Bíblias medievais que existem em Portugal, em acervos públicos, a Biblioteca Nacional dá voz a esses vestígios privilegiados do passado. Convida-nos a escutá-los, não tanto para compreender intelectualmente a história que contam, como para recriar as emoções que outrora lhes deram vida. Para isso é preciso uma certa iniciação. Mas, uma vez vivido o sagrado, os fragmentos que o materializam não cessam mais de desafiar o desejo. Chamam-nos para mostrar aspectos novos da sua mensagem e convidam-nos a sentir a sua unidade. As obras de Ilda David, expostas com as Bíblias medievais, representam uma ressonância contemporânea, concreta, igualmente palpável, como os próprios códices, da mensagem divina, mediante a leitura que ela fez. Convidam-nos a experimentar o nosso «silêncio de leitura», ou seja, a deixar que a semente do verbo interior frutifique em imagens ou sons, e, por meio deles, alimente a nossa comunhão com Deus.»
[José Mattoso]
Em colaboração com a Biblioteca Nacional de Portugal.