Livro publicado por ocasião da exposição «Fogo posto | Arson», no Espaço de Artes Decorativas da Fundação Carmona e Costa, em Lisboa de 17 de Setembro de 2016 a 27 de Dezembro de 2017.
Fazer do fogo o centro e o objecto privilegiado do desenho implica mais do que reformular e revolucionar a tradição gráfica e estética que esta forma de arte transmitiu até aos nossos dias. Significa, sobretudo, transformar e romper com a epistemologia que separou a arte da ciência, o desenho das artes plásticas, assim como, o que é essencial, o conhecer do fazer. O fogo não pode ser objecto da representação: desenhar o fogo significa fazer do fogo a essência do desenho e deste a vida mais profunda deste elemento. Desenhar significará, então, chegar a dominar e governar a força contraditória que permite às coisas serem distintas do resto do mundo e, simultaneamente, se confundirem de novo com ele. Vice-versa, o fogo que anima o cosmos é apenas a vida do desenho universal, do movimento mediante o qual tudo vive e se torna cognoscível e real. O desenho de PAHP é a mais radical tentativa feita para restituir ao desenho, não apenas a centralidade estética que este perdeu desde há séculos, mas também, e particularmente, o estatuto como meio cognitivo e cósmico que já não somos capazes de nele reconhecer. [Emanuele Coccia]
Em colaboração com a Fundação Carmona e Costa.
INDISPONÍVEL.