João Fernandes: «Tudo quanto o Manuel fez é para mim como o cheiro da terra depois da chuva, como a gota de orvalho numa folha, como um arco-íris inesperado ao fim do dia.»
Este livro foi realizado no contexto da exposição «história secreta da aviação e alguns meteoritos» na Galeria Quadrum das Galerias Municipais de Lisboa em 2019, e reproduz em fac-símile as pranchas da banda desenhada parcialmente deixada por terminar no início dos anos 80, quando Manuel Zimbro habitava em Paris.
Dans ce livre il y a une carte, qui tout en étant un abrége de l’action, la situe en hauteur et en profondeur. Le rapport du dessin entre les deux elements, — livre, carte — est, tant que faire se peut identique. Alors son déchiffrage invite l’Imagination et la lecture, si j’ose dire, se fait en trois dimentions.
Manuel Simões [Manuel Zimbro]
A Lourdes [Castro] contou-me um dia que o Manuel, quando criança, queria ser invisível, em vez de ser arqueólogo, cientista, aviador ou bombeiro, como tantos de nós. Todos quantos o conheceram sabem que o conseguiu… O Manuel não gostava de dar nas vistas. Por isso fazer coisas era para ele um modo de se integrar no mundo, descobrindo algumas das coisas que ao mundo faziam falta para nele se estar bem. O Manuel sempre teve um grande cuidado em não acrescentar a nada mais do que o necessário, dispensando com grande lucidez tudo quanto nos possa distrair de ser e existir. Por isso ele renunciou a deixar vestígios de si para além dos momentos que construía com as suas palavras, com os seus silêncios, com o seu olhar, com as suas mãos, que sabiam descobrir coisas na vida mais do que acrescentar coisas à vida.
[João Fernandes]
Edição: Sistema Solar | Documenta EGEAC | Galerias Municipais (Lisboa) Paraguay — Association Section Sept (Paris).