Um dos principais objectivos […] deste livro é o de disponibilizar em português uma série de textos clássicos que são de referência obrigatória no debate actual sobre arte e política.
Ao longo das últimas duas décadas, vários autores têm tentado estabelecer as bases para a análise crítica de um certo tipo de obra de arte que recusa a mera representação da realidade para propor intervir directamente sobre ela; que adopta mais a forma de um processo de troca de ideias e experiências em vez de propor-se enquanto objecto ou obra; que desafia a figura do artista enquanto autor único da experiência estética para assim experimentar complexas formas de colaboração e participação.
Este livro constitui um resumo dos principais pontos de discussão em relação às questões anteriormente salientadas. Ao longo das últimas décadas consolidou-se um interesse particular por formas artísticas que tentavam ir além da expressão ou representação de conteúdos e temas políticos para passar a pensar em intervir de forma concreta e directa na sociedade. Acerca da arte pública, da performance e da arte colaborativa (por si próprias manifestações com interesses e genealogias diferentes ainda que cruzadas) começaram a colocar-se questões sobre a relevância social da arte contemporânea que tomava o espaço da rua enquanto lugar de proposições e propostas, e de encontros e relacionamentos; mas também sobre o papel da colaboração e participação artística enquanto motor de transformação e mudança social; e ainda sobre a relação entre educação artística, criação contemporânea e trabalho cultural.
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Seja como for, o que está fora de qualquer dúvida é o facto de hoje em dia o âmbito da arte socialmente comprometida ter deixado de ser um espaço marginal dentro do panorama das artes contemporâneas para ser adoptado por museus e pela academia como parte da sua linguagem de comunicação com a sociedade.
[Carlos Garrido Castellano, Paulo Raposo]